Eletricista decide doar rim para cliente que acabou de conhecer

Jornal Nacional, ​09​.12.2014

Nesta semana, o Jornal Nacional está apresentando uma série especial de reportagens sobre vidas que podem ser preservadas com transplantes de órgãos. No Brasil, o Ministério da Saúde coordena uma fila única de candidatos a transplante. É uma forma de evitar que pessoas mais influentes passem na frente das outras.

Essa fila só pode ser furada em casos de urgência extrema. Mas toda a estrutura montada para salvar essas pessoas doentes depende, em primeiro lugar, de que exista um órgão pra ser transplantado. Tem que ter um doador.

Eles dependem de uma máquina para viver. São pacientes renais, a espera de um transplante.

“A esperança é que qualquer dia alguém me liga e diga: ‘Olha, chegou a sua hora de fazer o transplante’”, conta a dona de casa Sonia Maria da Penha.

Os centros de hemodiálise espalhados pelo Brasil são apenas um exemplo dessa espera. Gente que para se livrar da dependência dos aparelhos, precisa que alguém doe um órgão, em um gesto de amor.

“A gente não está torcendo para ninguém morrer, caso ocorra isso, que os pais, que vão estar passando pelo momento mais difícil da sua vida, eu imagino que deva ser perder um filho, tenha esse ato de solidariedade, de compaixão”, diz a tia de paciente, Cláudia Maria.

Uma boa-ação que já deu resultados: em 2008, eram quase 65 mil pessoas na lista de espera por algum tipo de transplante. Atualmente, pouco mais de 40 mil brasileiros estão na fila. Mas ainda falta muito. Basta visitar as UTIs dos centros de transplantes que funcionam nas principais cidades do Brasil. O maior deles é o Instituto do Coração de São Paulo, o Incor.

“Hoje o transplante é uma realidade. Se nós não realizamos na proporção que nós gostaríamos, nós realizamos hoje mais do que no passado e eu tenho confiança e esperança plena de que nós vamos avançar mais”, afirma o diretor-geral do Incor, Fabio Jatene.

Um transplante de coração é sempre mais complicado quando quem precisa desse órgão é uma criança. A operação depende de uma série de coincidências entre quem doa e quem recebe. Tipo sanguíneo, peso, idade. É por isso que a média de transplantes de corações infantis no Incor em São Paulo é de apenas 12 por ano. Poderia ser muito maior se houvesse mais doadores.

No caso de adultos, o mais importante é combinar o tipo sanguíneo. O peso e a idade do doador e do receptor não precisam coincidir. O problema é que o coração é um órgão que não se doa em vida, assim como pulmão, pâncreas e córneas – por exemplo. Ao contrário de medula, fígado, rins, que podem ser doados em vida – uma opção mais simples, que depende da iniciativa do doador. Bem mais difícil é a decisão que cabe aos parentes em uma hora de sofrimento.

“É muito importante que nós sempre verbalizemos para os nossos familiares que a gente é um doador de órgãos porque essa vai ser uma das grandes decisões dos familiares na hora de aceitarem a doação”, diz a diretora médica do Instituto de Cardiologia do Distrito Federal, Núbia Vieira.

Receptor conhece doador de forma inusitada
Essa decisão de doar os órgãos de um parente é um primeiro passo para salvar vidas. Porque o transplante mesmo só pode ser feito quando existe compatibilidade entre o doador e o receptor.

Um sopro de esperança que um homem jamais esperava receber. Foi um ventilador que mudou a vida dele. Tudo aconteceu quando José chamou um eletricista para instalar o aparelho no quarto da filha. E quem apareceu? Um tal de Flávio. Ele havia perdido a mãe na fila do transplante. Flavio era menor de idade na época e, por isso, não pode doar o rim para ela. Mas diante do tumulo fez uma promessa.

“Eu ajoelhei e falei para ela: ‘mãe, qualquer um que tiver – filho, neto, quem for, amigo, que for compatível, o primeiro que chegar e Deus tocar no coração’. E foi o que aconteceu”, conta o doador Flavio Diniz.

Durante a instalação do ventilador, Flavio percebeu as cicatrizes da hemodiálise nos braços do José. E logo lembrou da mãe. Na mesma hora se ofereceu para a doação. Os dois fizeram exames. E deu compatibilidade total.

“Eu estaria até hoje fazendo hemodiálise. Estaria até hoje lá na máquina. Ou não estaria, ou não estaria. O que modificou tudo foi ter encontrado uma pessoa assim sem nunca ter visto e fazer um gesto desse que ele fez”, afirma o receptor José Lins.

José ganhou mais do que um rim de Flávio: ganhou um irmão. As famílias se tornaram amigas. E para quem acha que essa foi a maior coincidência dessa história, é porque ainda não viu o nome da rua onde José e Flávio se conheceram, no bairro da Penha, em São Paulo: Rua José Flávio.

​Assista a matéria completa clicando aqui: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2014/12/eletricista-decide-doar-rim-para-cliente-que-acabou-de-conhecer.html​

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